- Comunicado
Decisões de política monetária
9 de junho de 2022
A inflação elevada é um grande desafio para todos nós. O Conselho do Banco Central Europeu (BCE) assegurará o regresso da inflação ao seu objetivo de 2% a médio prazo.
Em maio, a inflação registou novamente uma subida significativa, devido sobretudo ao aumento acentuado dos preços dos produtos energéticos e dos produtos alimentares, designadamente em resultado do impacto da guerra. Todavia, as pressões inflacionistas generalizaram-se e intensificaram-se, tendo os preços de muitos bens e serviços registado uma forte subida. Os especialistas do Eurosistema procederam a uma considerável revisão das projeções de referência para a inflação. Essas projeções indicam que a inflação permanecerá indesejavelmente elevada durante algum tempo. Contudo, a moderação dos custos energéticos, o abrandamento das perturbações da oferta relacionadas com a pandemia e a normalização da política monetária deverão conduzir a uma descida da inflação. As novas projeções elaboradas por especialistas do Eurosistema apontam para uma inflação anual de 6,8% em 2022, a qual deverá descer para 3,5% em 2023 e 2,1% em 2024, sendo estes valores mais elevados do que os avançados nas projeções de março. Tal significa que, de acordo com as projeções, a inflação global no final do horizonte de projeção se situará ligeiramente acima do objetivo do Conselho do BCE. Projeta-se que a inflação excluindo produtos energéticos e produtos alimentares se situe, em média, em 3,3% em 2022, 2,8% em 2023 e 2,3% em 2024, sendo estes valores também mais elevados do que os indicados nas projeções de março.
A agressão injustificada da Rússia contra a Ucrânia continua a pesar sobre a economia na Europa e a nível mais alargado. Está a provocar perturbações no comércio e escassez de materiais e contribui para os preços elevados dos produtos energéticos e das matérias-primas. Estes fatores continuarão a pesar sobre a confiança e a travar o crescimento, em especial no curto prazo. Estão, porém, reunidas as condições para que o crescimento da economia prossiga, devido à continuação da reabertura da economia, a um mercado de trabalho forte, ao apoio orçamental e à poupança acumulada durante a pandemia. Com o enfraquecimento dos atuais fatores adversos, a atividade económica deverá recuperar de novo. Estas perspetivas encontram-se globalmente refletidas nas projeções elaboradas por especialistas do Eurosistema, as quais indicam que o crescimento real anual do produto interno bruto (PIB) se situará em 2,8% em 2022, 2,1% em 2023 e 2,1% em 2024. Em comparação com as projeções de março, as perspetivas foram revistas significativamente em baixa para 2022 e 2023, tendo sido revistas em alta para 2024.
Com base na sua avaliação atualizada, o Conselho do BCE decidiu dar novos passos no sentido da normalização da política monetária. Ao longo deste processo, o Conselho do BCE manterá as opções em aberto, uma abordagem assente em dados, o gradualismo e a flexibilidade na condução da política monetária.
Programa de compra de ativos e programa de compra de ativos devido a emergência pandémica
O Conselho do BCE decidiu cessar as aquisições líquidas de ativos ao abrigo do seu programa de compra de ativos (asset purchase programme – APP) em 1 de julho de 2022. O Conselho do BCE pretende continuar a reinvestir, na totalidade, os pagamentos de capital dos títulos vincendos adquiridos no âmbito do APP durante um período prolongado após a data em que comece a aumentar as taxas de juro diretoras do BCE e, em qualquer caso, enquanto for necessário para manter condições de liquidez amplas e uma orientação de política monetária adequada.
No que respeita ao programa de compra de ativos devido a emergência pandémica (pandemic emergency purchase programme – PEPP), o Conselho do BCE tenciona reinvestir os pagamentos de capital dos títulos vincendos adquiridos no contexto do programa até, pelo menos, ao final de 2024. De qualquer forma, a futura descontinuação gradual da carteira do PEPP será gerida de modo a evitar interferências com a orientação de política monetária apropriada.
Em caso de uma fragmentação renovada do mercado relacionada com a pandemia, os reinvestimentos no âmbito do PEPP podem, em qualquer momento, ser ajustados de forma flexível ao longo do tempo, por classes de ativos e entre jurisdições. Tal poderá incluir aquisições de obrigações emitidas pela República Helénica num montante acima e para além das renovações de reembolsos, a fim de evitar uma interrupção das aquisições nessa jurisdição, que poderia dificultar a transmissão da política monetária à economia grega, enquanto esta ainda se encontra a recuperar das consequências da pandemia. As aquisições líquidas ao abrigo do PEPP podem também ser retomadas, se necessário, para contrariar choques negativos relacionados com a pandemia.
Taxas de juro diretoras do BCE
O Conselho do BCE procedeu a uma análise aprofundada das condições que, de acordo com as suas indicações sobre a trajetória futura das taxas de juro, deverão estar reunidas antes de começar a aumentar as taxas de juro diretoras do BCE. Em resultado desta avaliação, o Conselho do BCE concluiu que se verificam essas condições.
Nessa conformidade, e em consonância com a sequência da sua política monetária, o Conselho do BCE tenciona aumentar as taxas de juro diretoras do BCE em 25 pontos base na sua reunião de política monetária de julho. Entretanto, o Conselho do BCE decidiu manter a taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento e as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de liquidez e à facilidade permanente de depósito inalteradas em 0,00%, 0,25% e -0,50%, respetivamente.
Numa análise prospetiva, o Conselho do BCE espera aumentar as taxas de juro diretoras do BCE novamente em setembro. A calibração deste aumento das taxas dependerá das perspetivas atualizadas para a inflação a médio prazo. Se as perspetivas para a inflação a médio prazo persistirem ou se deteriorarem, será apropriado proceder a um incremento maior na reunião de setembro.
Após setembro, de acordo com a sua avaliação atual, o Conselho do BCE prevê que uma trajetória gradual, mas sustentada, de novos aumentos das taxas de juro seja adequada. Em consonância com o compromisso do Conselho do BCE relativamente ao seu objetivo de inflação de 2% a médio prazo, o ritmo a que ajustará a política monetária dependerá dos dados disponibilizados e da sua avaliação da evolução da inflação no médio prazo.
Operações de refinanciamento
O Conselho do BCE continuará a acompanhar as condições de financiamento bancário e a assegurar que o vencimento dos fundos cedidos no âmbito da terceira série de operações de refinanciamento de prazo alargado direcionadas (ORPA direcionadas III) não dificulta a transmissão regular da política monetária. Avaliará também com regularidade o modo como as operações de refinanciamento direcionadas estão a contribuir para a orientação da política monetária. Como anunciado anteriormente, as condições especiais aplicáveis no contexto das ORPA direcionadas III cessarão em 23 de junho de 2022.
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O Conselho do BCE mantém-se preparado para ajustar todos os seus instrumentos, adicionando flexibilidade, se justificado, a fim de assegurar que a inflação estabiliza no objetivo de 2% no médio prazo. A pandemia mostrou que, em condições de tensão, a flexibilidade na conceção e realização de aquisições de ativos ajudou a resolver as dificuldades na transmissão da política monetária e tornou mais eficazes os esforços do Conselho do BCE no sentido de atingir o seu objetivo. No âmbito do mandato do BCE, em condições de tensão, a flexibilidade permanecerá um elemento da política monetária sempre que ameaças à transmissão da política monetária comprometam a consecução da estabilidade de preços.
A presidente do BCE exporá as razões que determinaram estas decisões numa conferência de imprensa a realizar hoje às 14h30 (hora da Europa Central).
Para a formulação exata acordada pelo Conselho do BCE, consultar a versão em língua inglesa.
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